14/01/10

O melro, eu conheci-o:
Era negro, vibrante, luzidio,
Madrugador, jovial;
Logo de manhã cedo
Começava a soltar d'entre o arvoredo
Verdadeiras risadas de cristal.
E assim que o padre cura abria a porta
Que dá para o passal,
Repicando umas finas ironias,
O melro d'entre a horta
Dizia-lhe: «Bons dias!»
E o velho padre cura
Não gostava d'aquellas cortezias.
(...)
(O melro, Guerra Junqueiro)


















"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é."

(F. Pessoa)